terça-feira, 19 de abril de 2011

"Vc escreve axim?"

Uso da linguagem da Internet chega às salas de aula e preocupa pais e educadores.

Por Lucas Lima e Juliane Mello
Arte Francilene Pacheco


            Com o fácil acesso à internet, é cada vez mais comum que todas as pessoas estejam conectadas ao mundo virtual e utilizem assim blogs, salas de bate-papo e sites de relacionamento em geral. Consequentemente, também começa a ser freqüente uma nova linguagem, caracterizada pela agilidade e facilidade da escrita no teclado do computador. As principais características dessa linguagem são as abreviações e a grafia das palavras do modo como são pronunciadas.


            Nesse mundo virtual a palavra “sim” vira “xim”, “porque” vira “pq”, “não” vira “naum”, entre vários outros termos. Os internautas adultos também usam essa linguagem, mas ela é predominantemente jovem. Os educadores e professores de língua portuguesa garantem que, além de não ser errada, essa é apenas uma forma de diferente de se comunicar. “É necessário que as duas formas sejam pensadas e repensadas”, aconselha a professora de língua portuguesa Dilma Almeida, 42 anos.

            Porém, a situação passa a ser preocupante quando essa modificação da linguagem escrita passa para a falada e também interfere na escola. “Devido às coisas que eles abreviam na internet, eles fazem a mesma coisa na hora da produção textual”, declara a também professora de língua portuguesa Mercia Figueiredo, 34 anos.

Orientação na escola

            As escolas não devem proibir a linguagem, mas, sim, educar os alunos para que eles saibam que não devem usar esses termos dentro do ambiente escolar. “A escola deve orientar para que os alunos saibam que esse uso não é aconselhável”, acrescenta Mercia. Para a professora, essa prevenção deve ser feita através da própria Internet, quando a escola tem estrutura. As escolas mais precárias devem recorrer às palestras.

            Os alunos, por sua vez, não acham que esse uso seja errado ou sinônimo de preguiça. Como diz a estudante Elisabete Câmara, 17 anos, essa é apenas uma forma ágil de se comunicar. “Eu uso muito o X, porque ele substitui vários sons, como o ch ou o ss.” A defesa à nova maneira de se escrever na Internet é diferente para o estudante Igor Santos, 17 anos. “Escrevo do jeito que ouço as palavras, faço o uso extremo da parte fonética das palavras e não me ligo muito na gramática.”

            Mercia já percebeu que essas adaptações na língua já extrapolaram o mundo teen.“Esse vício está começando no ensino fundamental e quando se chega à adolescência isso só tende a se agravar”, alerta a professora.

Boa linguagem

            Alarmados, alguns pais pensam em proibir o filho de usar o computador, o que, na opinião de Alda Lima é uma bobagem. “Certa vez, um amigo me disse que não ia mais deixar o filho entrar na internet”, lembra a cabeleireira de 42 anos. “Eu disse pra ele que o filho sabia mais do que ele, e que essa não seria a melhor atitude, muito menos a solução.” Para impedir que seu filho se limite ao “internetês”, ela diz ainda sempre fazer uso da boa linguagem dentro de casa.

            Apesar do choque que esse tipo de escrita utilizada pelos jovens pode causar em pais desavisados, especialistas em linguagem afirmam que o uso do “internetês” tem a mesma função das gírias. Ou seja, são termos ou novos códigos usados para definir um grupo social.

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