Por Lucas Lima
A importância da informatização não se encontra presente apenas no cotidiano de jovens e adultos. A terceira idade cada vez mais marca presença nas salas de aula e laboratórios de informática. Várias escolas profissionalizantes oferecem cursos específicos para pessoas de idade avançada, onde a carga horária, metodologia e modalidades são adaptadas.
“Hoje em dia tudo é feito por meio da informática. Eu tentei aprender algumas vezes, mas meus filhos e netos nunca tiveram muita paciência e jeito para ensinar, sempre fiquei perguntando e agora quero saber por mim mesma”, conta Norma da Silva, 71 anos. “Já comprei um notebook, e sabendo mexer bem fica mais fácil procurar informações e saber das coisas em tempo real. Tenho até uma amiga que sempre me manda email, mas quase nunca respondo por não saber como”. Norma conta ainda que já tentou aprender, mas não obteve sucesso. “Comecei a fazer um curso, mas estava muito complicado, muito puxado para mim. Agora achei um que sabe atender minhas limitações, gostei muito e pretendo indicar”, conclui.
Assim como Norma, Isa Amorim, além das aulas de dança de salão e da ginástica, resolveu acrescentar as aulas de informática no seu tempo livre. “Nunca gostei muito, mas sempre tive vontade de aprender, hoje vejo como necessidade porque a internet favorece e ajuda as pessoas em tudo”, disse a aposentada de 72 anos. “Tenho vários conhecidos que tentaram me ajudar, mas nunca conseguiram. Agora estou achando ótimo, o professor tem muita paciência e explica bem. Não tenho muita agilidade com as mãos, mas irei até o final”.
A busca por essa atualização pode ter determinadas finalidades. Muitos idosos desejam escrever cartas, trocar emails com amigos e parentes que moram longe, usar a internet para procurar receitas, por exemplo, e outros querem ainda ter acesso as suas contas bancárias para não precisarem mover-se aos bancos.
Mostrar ao idoso o que o microcomputador oferece e ensinar com calma e paciência o que ele realmente precisa e busca nessa tecnologia. O que automaticamente aumenta sua auto-estima, pois mostra que eles são capazes quando se preparam e buscam conhecimento que os preparam para o que querem fazer. Esse é o papel do professor Ewerton Henrique. “Acredito que seja o melhor público para se interagir. Começando pela animação e vontade de conhecer essa ferramenta de comunicação. Eles são extremamente receptivos quanto a idéia do novo. A necessidade de se atualizar, e conquistar total independência em um mundo que vive da informática, é o que mais os motiva”, conta.
O contato entre Ewerton e o ensino para a melhor idade aconteceu muito antes da sala de aula, pois sua primeira aluna foi sua própria avó. “Acredito que toda experiência nasce de um contato direto, seja em que área for. Certo dia minha avó me ligou dizendo que havia comprado um computador e que estava decidida a aprender, entrar na internet, conversar no MSN e fazer compras. Fui então seu professor via telefone”. Além de ser prestativo, a satisfação em ver a avó realizada foi um grande presente para o neto professor. “Hoje vejo que só a alegria de vê-la interagindo com as pessoas pela internet e se comunicando com a família, é uma sensação muito boa. A partir dessa experiência passei a acreditar que todos, desde os mais velhinhos aos mais novos, podem e devem estar atualizados, informatizados e crescer junto a essa grande evolução do mundo da informática”, conclui.
“O objetivo da informática na terceira idade é facilitar a vida da pessoa nas suas atividades diárias. Daí a importância de conhecer as possibilidades da informática e focar a aprendizagem naquilo que de fato vai ser necessário e importante”, é o que pensa o universitário Henrique Mendes, 24. “A prática só traz benefícios, além de ser uma excelente atividade mental, pois auxilia na manutenção da memória, sempre proporciona aprendizado de algo novo e valoriza a vida e a experiência das pessoas”.